segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Trop de raquette pour Lost


Eu não assisto Lost. Confesso que minha vontade de saber o que diabos tem de tão legal nessa série sempre foi grande. No entanto, minha vontade de me manter longe de qualquer coisa que me fizesse contar as horas para o próximo episódio, pausar minha vida por uma hora, cancelar compromissos...enfim, me manter longe de uma fixação viral, é muito maior.
Ok, eu admito: sou viciada em seriados. Sempre que eu ligo a tv, o primeiro canal que eu coloco é o dos seriados, para ver se está passando Friends, Gilmore Girls ou qualquer outro dos meus favoritos, cujos horários de transmissão eu tenho decorados desde que comecei a assistir tv a cabo – sempre adaptando às eventuais mudanças dos canais.
Mas como estamos aqui para falar de Lost e dos efeitos colaterais que ele causa nos seus assíduos fãs, reafirmo que ele foi o tipo de seriado que eu escolhi não assistir e, digamos, fui bem sucedida. E você, provavelmente fã da série, deve estar pensando “Por que não assistir Lost? Como alguém consegue?! Lost é tão legal!”, e não tiro a sua razão: Lost é legal. É interessante. Chama a atenção das pessoas pela sua trama bem montada, repleta de reviravoltas e mistérios. E eu percebi isso quando comecei a conversar com quem assistia, prestar atenção nos papos, e também quando eu mesma fui obrigada a assistir a primeira temporada inteira na casa de uma amiga.
Estava no quarto da minha amiga, usando o computador e de repente ouvi burburinhos barulhentos e empolgados na sala de tv. Estiquei o ouvido até a porta do dormitório, tentando identificar o porquê do tititi e consegui pescar somente a palavra “Lost”. Foi então que, como que prevendo o que viria a seguir, fiquei imóvel na cadeira, quieta, pra que ninguém se lembrasse de mim, afinal, eu não queria ser obrigada a assistir, pois tinha certeza que iria me viciar naquela coisa. Porém, de nada adiantou. Fui praticamente arrastada para a sala, e tive que sucumbir às vontades da amiga sem nem poder manifestar me descontentamento, uma vez que era aquela a comemoração que ela tinha escolhido para o dia do seu aniversário. Que pessoa covarde eu sou. Devia era ter dado um roundhouse kick, no melhor estilo Chuck Norris, pra me livrar de padecer por horas a fio naquele sofá!
Foi tão indolor quanto uma injeção bem dada, mas em compensação não foi assim tão rápido. Se levarmos em consideração que cada episódio da série tem quase uma hora – quando assistido em dvd, ou seja, sem intervalos -, eu diria que passei uns 180 minutos atarraxada na almofada, sem poder me mexer e tomando “shhh” sempre que fazia qualquer barulho, por mais inaudível que fosse. Pois é, esqueci de um detalhe importantíssimo: fãs de Lost são chatos. Parece que vai acabar o mundo se algum detalhe escapar – o que eu consideraria impossível, uma vez que os olhos nem piscam diante do aparelho de televisão. A tensão lembrava os últimos episódios de novela - se bobear dava até pra cortar com uma faca – era como se todos estivessem esperando pra descobrir quem matou Odette Roitman. Ah, outro detalhe importante: era só o tal do Sawyer - mistura de galã e vilão, com camisa sempre aberta, cabelos desgrenhados e barba por fazer; praticamente um sósia loiro e australiano do global Marcos Pasquim – aparecer para que a ala feminina do apertado cômodo suspirasse e se derretesse em comentários: “ai ele é tão lindo”, “ô lá em casa, viu...”. Era o único momento de redenção, em que eu podia fazer o barulho que quisesse, o “shh” não seria iminente. O amor é tanto que parece que nem existem outros atores, entre eles o brasileiro Rodrigo Santoro – que entrou na terceira temporada (e dessa vez em um papel com falas). Aliás, falando nisso, basta entrar no orkut para perceber o quanto a série é sucesso e também que existe gosto pra tudo: chovem comunidades sobre a série; a grande maioria, é claro, homenageia o nosso amigo sósia do Pasquim. Mas o que seria do amarelo se todos gostassem do azul, não é mesmo?! E é para honrar essa expressão popular que existem comunidades para outros personagens, tais quais: “Ai Sayid, me tortura!”, “Sayid para presidente”, “Sayid – o iraquiano carinhoso” – todas sobre o ex-soldado-torturador iraquiano que faz parte do grupo de sobreviventes -, “Lost with Kate” (sim, também existem fãs masculinos, que elegeram sua musa no seriado), “John Locke from Lost” (até ontem, pra mim, Locke era um filósofo inglês), entre muitas outras, tão engraçadas quanto essas.
Enfim, sobrevivi. E, graças ao meu bom Deus, não me viciei. Considero isso uma vitória, porque não seria difícil ficar curiosa para ver os desdobramentos de uma história em que passageiros de um avião, cada qual com a suas características e conflitos pessoais, acabam juntos em uma ilha, no meio do nada, tentando sobreviver e conviver com estranhos acontecimentos. Não é à toa que essa minha amiga parou de ver a série e justificou dizendo “eu estava ficando imbecil com tudo aquilo; era muita coisa rolando...ainda bem que acordei pra vida e saí dessa!”. E eu só tenho a agradecer por eu mesma não ter entrado nessa. Como diria John Locke, o filósofo, “cada um é ortodoxo a respeito de si mesmo”.

Trop de raquette pour Lost = Muito barulho por Lost (ou quase isso)


Ao som de: Dub Side Of The Moon - Money (sugiro q baixem as músicas dessa banda, eh eskema "Pink Floyd vai à Jamaica"...imperdível!)

Um comentário:

Ericka Rocha disse...

É Dju...Eu não resisti a Lost...Assim como não estou resistindo a Heroes...huauaauah...Enfim...Eh falta de tempo q me impede de fikr ainda mais viciada!!!

Mto bom o txt!
Pode deixar q eu volto!

Bjão!